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Voando alto contra a adversidade

Face a grandes mudanças na vida, algumas pessoas são incapazes de se reerguer após uma queda e desistem, mas outras tornam-se mais fortes e corajosas, recusando ceder ao fatalismo. A primeira atleta de esgrima em cadeira de rodas de Macau a Sra. Lao In I, demonstrando um espírito inabalável de um atleta em tempos difíceis e a sua personalidade optimista na luta contra a doença após repetidas operações, maiores e menores, e acabando por emergir no palco dos Jogos Paralímpicos ao tornar-se a primeira atleta de esgrima em cadeira de rodas a representar Macau. Com as suas acções a Sra. Lao In I encoraja os atletas com deficiências: insistindo nos treinos e na melhoria da auto-estima, um dia o Sol brilhará para todos.

A vida muda quando é diagnosticado um tumor

Desde a infância que a Sra. Lao In I tem sido uma desportista activa tendo começado a praticar esgrima na escola secundária. Revelou-se como uma nova força na delegação local de esgrima e participou em eventos para jovens desportistas na Ásia. Após a admissão à Universidade de Macau, representou esta instituição em muitos eventos. Tudo parecia ser promissor de uma carreira fácil enquanto atleta até que, no Verão de 2006, a sua vida sofreu uma reviravolta crítica quando lhe foi diagnosticado um tumor na tíbia da perna esquerda.

“Naquela época, eu sofria de dores nas pernas e ia frequentemente ao endireita”, recorda a Sra. Lao In I. “Nem com fisioterapia eu conseguia melhorar a minha situação e, portanto, decidi fazer um raio-X através do qual foi encontrada a origem do meu problema”. Quando foi descoberto, o tumor não era pequeno e levou algum tempo até que os testes laboratoriais tivessem podido determinar se era benigno ou maligno. Por essa razão o médico aconselhou-a a ser operada o mais rapidamente possível. Para a Sra. Lao In I as notícias caíram como um raio. Nas suas palavras, “Eu estava muito assustada e não sabia como contar à minha família, temendo a sua preocupação comigo”.

Hospital, a segunda casa após as operações

A partir do momento em que foi operada pela primeira vez, o hospital tornou-se a segunda casa da Sra. Lao In I. Devido a recaídas sucessivas, ela foi submetida a mais de dez operações em Pequim, Hong Kong e Macau. Passou a maior parte do seu tempo enquanto estudante universitária – que supostamente seria o mais livre e feliz da sua vida – nos hospitais. Apesar do seu optimismo, a Sra. Lao In I admite que chegou a pensar em desistir. “Após a primeira operação, o médico disse-me que eu voltaria a poder andar após a reabilitação, mas as coisas aconteceram ao contrário dos meus desejos. Para mim, ir para o hospital é como ir de férias. Durante quatro anos consecutivos passei o Natal e o Ano Novo no hospital, tendo a estadia mais longa durado mais de meio ano”.

Amigos e família motivam

A Sra. Lao In I ia para a faculdade todas as manhãs após as injecções e depois das aulas voltava para o hospital para os tratamentos. A vida não era fácil mas ela nunca desistiu e insistia em ir para a faculdade numa cadeira de rodas enquanto andava em tratamentos. Com a ajuda dos seus colegas e amigos, terminou facilmente o seu Bacharelato em Português e actualmente frequenta as aulas de um outro curso de Bacharelato em Sociologia devido à sua vontade de continuar a estudar. Porque motivo continua a lutar? A razão é muito simples, responde ela: “Aos olhos da minha família, sou uma pessoa inteligente e forte e, portanto, agarro-me a isso”. Os seus amigos também a motivam a ser perseverante. Durante o período de reabilitação, ela actualiza periodicamente na sua página electrónica, o seu estado e progressos nos tratamentos e na sua reabilitação para que eles não se preocupem em demasia ou a questionem repetidamente sobre a sua condição.

O desporto eleva-a?

Na idade de perseguir os sonhos, a doença não quebrou as asas da Sra. Lao In I pois deseja voar mais alto. Por um acaso, a Sra. Lao In I teve a oportunidade de conhecer o Sr. António Fernandes, Presidente do Comité Paralímpico Macau-China. No seguimento do seu primeiro encontro, os dois que pensam de forma muito parecida, rapidamente decidiram dar início a um novo desporto em Macau, a esgrima em cadeira de rodas. Em menos de um ano, a Sra. Lao In I foi rapidamente bem sucedida na qualificação para competir nos Jogos Paralímpicos tendo-se classificado em 9º lugar na categoria feminina individual de florete e espada.

Através do desporto, a Sra. Lao In I reconquista a confiança e encoraja as pessoas com deficiência a andar em frente e comunicarem com o mundo exterior dizendo: “Eu compreendo que qualquer um requer tempo para aceitar a sua deficiência. Durante os treinos no Interior da China, eu vejo que os atletas locais com deficiência têm capacidades de auto-suficiência muito elevadas. As pessoas de Macau com deficiência também podem consegui-lo e isto pode ser alcançado passo a passo”. A Sra. Lao In I acredita que o desporto é a melhor forma de reintegração na comunidade. As pessoas com deficiência não têm forçosamente que entrar em competições, bastando utilizarem o desporto como uma forma de exercício físico.

Dificuldades no desenvolvimento da esgrima

Em Macau, a Sra. Lao In I é a única atleta de esgrima em cadeira de rodas e, portanto, o desenvolvimento desta prática é restrita e as condições para treinar são afectadas. “Sou a única competidora e por vezes é um pouco embaraçoso candidatar-me a um local e treinador do governo. Concebi um plano de promoção junto dos jovens com deficiência para o futuro da esgrima em cadeira de rodas e espero que mais pessoas possam participar neste desporto. A escola é encarada como a primeira porta de acesso mas há uma certa dificuldade em encontrar os candidatos certos”.

No que respeita à falta de iniciativa das pessoas com deficiência para participarem em desportos, a Sra. Lao In I disse: “Por vezes eles não estão relutantes, apenas não sabem quais os meios e com que métodos se podem envolver nestas actividades. Sentem também dificuldades por outras razões como, por exemplo, as pessoas com deficiência mais jovens que frequentemente precisam de ser acompanhados por familiares, os meios de transporte que não são suficientemente abrangentes ou falta de tempo devido a questões profissionais, etc.”.